quarta-feira, 21 de novembro de 2012

CRIAÇÃO - 6 DIAS OU 6 MIL ANOS?




Tempos atrás uma conhecida me fez a seguinte pergunta sobre a criação do mundo se baseando em II Pedro 3:8; Deus edificou o mundo em 6 dias ou 6 mil anos.? Veja II Pedro 3:8 me mande uma resposta, por favor.
Pensando nisso, elaborei o seguinte texto:

 Algumas pessoas, numa tentativa de evitar maiores problemas com o evolucionismo, aplicam a teoria dos dias-eras ao relato de Gênesis 1. Para elas, os seis dias da criação são, na verdade, longos períodos de tempo.Em outras palavras a Criação existe, mas não como a Bíblia diz.

Para entendermos a criação do mundo em 6 dias, necessitamos nos aprofundar mais no assunto, no original bíblico é usado a palavra yom, que significa período de 24 horas quando acompanhado de um numeral. Antes de tudo, é preciso deixar claro que o termo yom em Gênesis 1 não se liga a qualquer preposição; não é usado em uma relação construtiva; e não tem nenhum indicador sintático que seria de esperar para um uso extensivo não literal(não real).Nas Escrituras, a palavra yom invariavelmente significa um período literal de 24 horas, quando precedida por um numeral, o que ocorre 150 vezes no Antigo Testamento. Obviamente, no relato da criação existe sempre um numeral precedendo aquela palavra – primeiro, segundo, terceiro… sétimo dia; e essa regra para a tradução de yom como um dia literal (real) aplica-se neste caso. O que parece ser significativo também é a ênfase dada à sequência dos numerais 1 a 7, sem qualquer hiato ou interrupção temporal.
Esse esquema de sete dias (seis dias de trabalho seguidos por um sétimo dia de repouso) interliga os dias da criação como dias normais em uma sequência consecutiva e ininterrupta. O relato da criação em Gênesis 1 não somente liga cada dia a um numeral sequencial, como também estabelece as fronteiras do tempo mediante a expressão “tarde e manhã” (versos 5, 8, 13, 19, 31).
A frase rítmica “e houve tarde e manhã” provê uma definição para o “dia” da criação; e, se o “dia” da criação constitui-se de tarde e manhã, é, portanto, literal. O termo hebraico para “tarde” – ereb – abrange toda a parte escura do dia (ver dia/noite em Gênesis 1:14). O termo correspondente, “manhã” - boqer - representa a parte clara do dia. “Tarde e manhã” é, portanto, uma expressão temporal que define cada dia da criação como literal (real). Não pode significar nada mais.
Cabe ressaltar também que textos subsequentes da Bíblia presumem uma criação em dias literais de vinte e quatro horas. As instruções quanto à guarda do sábado em Ex. 20:9-11 e 31:15–17, por exemplo, interpretam os seis dias da criação como sequenciais, cronológicos e literais ( período de 24 horas).

Muitos que não compreendem a criação como ato literal, ou seja, períodos de 24 horas; usam II Pedro 3:8 de forma erronia, pois o texto fala especificamente sobre o dia da Volta de Jesus. Convém assinalar que os que invocam este texto desta forma deparam-se com vários problemas importantes:

1) II Pedro 3:8 não apresenta nenhum contexto criacionista;

2) II Pedro 3:8 incorpora uma partícula comparativa que não consta no texto de Gênesis 1;

3) II Pedro 3:8 passa a ser interpretado não literalmente quando os mil anos são supostos como significando uma “época” ou algo semelhante;

4) II Pedro 3:8 revela que Deus não está limitado ao fator tempo, nem sujeito a ele no cumprimento de suas promessas.

O texto de II Pedro 3:8 tem sido mal interpretado por aqueles que querem utilizá-lo para amparar o sentido da palavra “dia” em Gênesis 1. Entretanto, o propósito daquele texto é destacar que “O Senhor não retarda a sua promessa ... mas é longânimo ... não querendo que ninguém pereça ...” (versículo 9; versículo 4). Isto é, Deus não está sujeito ao tempo no sentido em que os seres humanos estão (“... como alguns a julgam demorada”, versículo 9). A intenção, portanto, é de asseverar a fidelidade de Deus a suas promessas, e não de definir o significado da palavra “dia” como ela é usada em Gênesis 1.
Melhor seria deixarmos que II S. Pedro 3:8 cumpra o seu propósito original, e não dar-lhe uma interpretação sem qualquer conotação tópica, contextual e linguística.

 Os dias da criação devem ser entendidos como literais e não como representando longos períodos de tempo. Argumentar em contrário é forçar o texto bíblico a dizer o que não diz.

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